segunda-feira, 30 de março de 2009

Por que não te calas?

Tem dias que eu gostaria de ser rainha Juanita para proferir com licença poética o, já imortal, “porque não te calas?”.

Desde que eu anunciei (feliz, surpresa e sorridente) que já sou apta a padecer no paraíso, uma cambada de abutres e suas energias parasitárias tentam se apoderar dos meus ouvidos. É uma coleção impressionantemente imensa de besteiras, crenças, recomendações pra lá de conhecidas e questionamentos velados a minha capacidade. Sem falar no terrorismo misturado com um desejo de vingança terceirizada.

Como eu não me abalo, descobri algumas técnicas para afastar as malas de plantão, por exemplo:

Tática nº 1 – A Escatologia

- Nossa, esse início de gravidez é horrível. Tu deve estar vomitando muito? Seios doloridos? Dores nas costas... Como tu te sente?

Depois de receber o pior diagnóstico possível, eu respondo:
- Eu não sinto nada, só tenho muitos gases. Putz, peido feito uma condenada. Senta aí que logo tu vai reparar.

Eu nunca mais fui perturbada por essa pessoa (depois de 1 milhão de vezes).

Tática nº 2 – Total Ignorância

- Nossa, meu parto foi horrível, muita dor. Muita exposição, a gente fica nua, constrangida, sendo lavada por um estranho. Hoje dá para dar risada, mas foi horrível. Te prepara.

- Desculpa, eu estava prestando atenção nessa reportagem aqui na Internet falando da execução de um presidiário na cadeia de segurança máxima. Pena que eles cortaram as cenas fortes.

Tática nº 3 – Falta de expressão

- Tu sabe que não pode comer isso, né?

- Não acredito que tu está fazendo academia ainda.

- Não corre, vai perder o bebê!

- Tem que comer músculo de dinossauro da Europa Oriental e não pode reclamar.

Essa tática necessita muita concentração porque não podemos mostrar qualquer tipo de sentimento. Durante toda essa ladainha não mude de expressão e diga:

- Eu tenho um médico e sigo suas orientações. (Mentalmente pode completar a frase com um adequado adjetivo, mas mantenha ele para você mesmo)

Tática nº 4 – Respostas cretinas para perguntas ou afirmações completamente imbecis

Sexo do Bebê 1

- E aí, quantas semanas?

- 11 semanas

- Já sabe o que é?

A pessoa me pergunta diariamente e sempre recebeu a resposta educada, até o dia que respondi:

- Humano, ufa!

Sexo do Bebê 2

- E aí, já sabe o que é?

- Ainda não, acho que vai dar para descobrir na semana que vem.

- Eu sempre soube que o meu seria um menino. Eu sempre quis um menino!

- Putz, então vai ser um Bulldog Inglês, eu sempre quis um Bulldog Inglês!

Sexo do Bebê 3

- Aí, sabe o sexo?

- Acho que foi no dia da posição cachorrinho ou o dia do capô do carro. O médico não soube dizer.


Para todas as outras situações, com vocês Bob Dylan!


sexta-feira, 27 de março de 2009

Una os pontos


Antônio era um típico descendente germânico, severo e afável, do Rio Grande do Sul. Ele arrastou sua família cheia de mulheres pelo RS e deixou um legado de disciplina, pelo menos para seu único filho homem. Emílio era de família típica do extremo sul brasileiro, conheceu o Paraguai e por lá se apaixonou. Teve os primeiros filhos e em pouco tempo levou a família para onde tudo começou. Não há registro que eles tenham se conhecido, mas parte importante do que eram, hoje mora no mesmo lugar.
Carlos e Hermínia têm nomes compostos, mas é o apelido que os define. Ambos gostam de casa cheia, mas apreciam longos cochilos. Eles pouco se conhecem, mas ambos terão suas vidas mudadas neste ano. Aléxia e Emir são caçadores. Ela caça a essência das coisas e traduz em arte. Ele caça carne e traduz em churrasco. Eles também pouco se conhecem, mas seus corações vibram pela vida que há de chegar. Todos amam intensamente algo que nunca viram, mas conhecem como ninguém.
Pedro e Tito são homens brilhantes. Tito faz amigos aonde vai e tem a criatividade a flor da pele. Ama com paixão e demonstra para o mundo. Suas idéias viram som, imagem e palavra. Pedro é silencioso como um monge, inteligente como um gênio e teimoso como uma pedra. Quase todas suas idéias acabam levando ao hospital. Eles nunca se viram, mas muito do que sabem será compartilhado com uma pessoa.
Francine e Beth são atletas, hiperativas e amam com a força de mil sonhos. Francine vê o mundo com olhos de paixão. Beth reconhece o belo em tudo que vê. Elas nunca se viram, mas vibraram e acompanharam cada passo de uma criação bela e apaixonante.
Marcelo e Carol se conhecem há quase uma década e conectam essas e tantas outras pessoas por causa de um amor, de um sonho, de um desejo e de uma abençoada vontade de ser eterno.
Tudo que é comum é também extraordinário e se chamará Antônio ou Emília.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Mensagem além útero


Pequeninho, a família é o ponto de partida, a bandeirada inicial da corrida. Acho que tu estarás bem servido, teu pai e eu preparamos a melhor equipe que podes imaginar.

Ela está longe de ser comum e ordinária. A gente que te espera é cheia de defeitos, dos mais diversos, mas abarrotada de qualidades inconfundíveis, únicas, algumas inomináveis.

Entrarás num mundo cheio de histórias para ouvires, gostos, cheiros e beijos para experimentares. É um mundo também tão pronto para receber as novidades que trazes contigo.

Pequeninho, não é hora de te ensinar nada. Do momento que acordares e durante tuas horas de sono, eu estarei no teu lado. Então a gente vai aprender muita coisa juntos, mas até lá te preocupa só em ficar forte e crescer bonitinho.

Ah, mas quando eu falo de família, não se limita ao DNA compartilhado. Tem uma família de amigos que te espera cheia de abraços.

Guardo tudo de mim para ti e te aguardo com tudo que vier!


segunda-feira, 9 de março de 2009

Em outras palavras...

A pergunta era tão simples, mas eu não sabia explicar: Como tu te sentes?

Como se explica a sensação de tocar o céu? Dançar na lua?

Minha resposta: Frank Wonder ou Stevie Sinatra!!!!!