segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

SEGURA A ONDA

Minha infância foi uma época de vida espetacular. Meus pais eram jovens quando tiveram o meu irmão, e logo eu cheguei para completar a mesa de canastra. Então nós curtimos juntos muitas coisas e até hoje a gente tem uma relação bem entre a amizade e a obediência.
As viagens à praia sempre foram as mais gostosas. A gente ia para Floripa de turma, literalmente porque ia junto uma galera, uma vez por ano. Tinha a casa do Vô Bimar em Santa Terezinha e lá pelas tantas meus pais compraram a casa dos sonhos em Imbé/RS.
Nós nunca fomos farofeiros de beira de praia, mas tomar banho de mar sempre foi essencial para nossa existência. Meu pai e eu caminhávamos até as beiras de mar, só de roupa de banho e até sem chinelos, tomávamos longos banhos de mar conversando sobre tudo. Quando os dedos ficavam murchos ou quando era a hora, a gente simplesmente saia e seguia para casa.
Algumas vezes na vida eu estive em mares revoltos. Sabe aqueles dias que uma onda quebra dura atrás da outra, quase não dá tempo de pegar ar. Nessas horas eu não tenho dúvida, corro para meu pai e ele sempre me ajuda. Seja com um puxão de orelhas, seja com um abraço e o silêncio, seja com aquele conselho de mudar o rumo da braçada: 
- O Carol, tu confia no teu pai? 
- Claro que confio!
- ENTÃO, SEGURA A ONDA! (essa é a frase de ordem)
Numa das vezes em que o mar não estava para sereia. Putz, e não estava messsssmo, o bendito – Segura a onda! – estava complicado de entender. Eu respirava fundo, enterrava meus pés no chão e em fração de segundos, outra onda quebrava nas costas e - Segura a onda!
Meu pai nunca me disse como fazer, ele podia apontar o que, mas nunca como. E foi numa daquelas subidas a superfície, para tomar fôlego, que eu vi meu pai literalmente segurando a onda com as mãos abertas. Foi tão óbvio perceber que eu não estava “segurando a minha onda”, eu estava me segurando dela.
Então, eu respirei fundo, mudei a direção e segurei com as mãos bem abertas e o corpo em forma de lança. Quando eu cheguei na orla o coração batia tão acelerado. A adrenalina era tanta, que eu corri de volta para o mar.
Meu pai, como sempre estava certo e desde então eu não perco nenhuma onda!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Carol
A idade ta me fazendo meio mole, pois estas leituras brotam água nos meus olhos.
É bom saber que o teu caminho é trilhado com as tuas pernas e com as tuas escolhas, algumas muito poucas quase nada de erradas, e na maioria certas.
É bom saber que tu estas em boa companhia, que ela,no caso MK (ah!e o MV)vão te acompanhar no que é bom e no que é ruim, espero que seja sempre só coisas boas.
Mas Carol o tempo vai passando, e tu sempre será a minha menininha,cada vez mais menininha, e eu e a tua mami estaremos ao teu lado, mesmo distantes, para te apoiar ou se for preciso dar aquela puxadinha de orelha.
Bom é isso ai, SEGURA A TUA ONDA e desfruta do passeio.
Te amo muito.
Papi