sexta-feira, 26 de setembro de 2008

E lá estava ela (04/Dez/2007)

Desde a noite anterior ela sabia que algo estava no ar, pois o telefone estava impossibilitado e o contato vedado, mas ela sabia.

 Era dezembro de 2007, uma terça-feira, o dia era 04. O sol levantou cedo, mas atrás de uma nuvem carregada, mesmo assim ela decidiu levantar e esperar pelos raios. Eles cairiam mais tarde do que ela imaginava.

 Uma carta chega a ela, falando de rosas vermelhas e do mar. Ela então entendeu seu pressagio, era hora de ver sua mãe. Vestiu sua roupagem mais simples, um vestido cor de sangue. Pegou as últimas moedas que tinha e escolheu a rosa mais bonita.

 Pegou seu menino e foram juntos até a grande mãe. Fazia tempo que ela não a visitava, apesar de tão próximas, ela sentia seu cheiro, mas não ia até lá.

 Chegando perto, já ouvia o seu cantar suave e contínuo, e o corpo arrepiou. Estava tímida, envergonhada pela grande ausência. Como uma mágica, o verde dos olhos de sua mãe calaram o mundo e ela se sentiu inteira.

 Sentou-se a contemplar a beleza daquela Senhora, pediu perdão por tanto tempo sem vê-la e agradeceu por tudo que ela tinha feito pelos seus filhos naquele ano. Foi um ano longo!!!

 A bela mãe sorriu e falou:

 - Minha criança, não precisas de perdão, tua mãe te conhece. Fazia sim muito tempo que não te via, mas eu cuidava de ti, porque era assim que te esperava: Inteira outra vez! Chorei contigo no longo período de dor. Tu nunca estivestes só, e saibas que precisavas disso. Tu precisavas resgatar aquilo tudo que te faz minha criança, minha cria, Menina Trovão. Hoje eu canto contigo pro teu sorriso maroto, teu caminhar seguro, teu futuro, tua firmeza e tua gana pro viver. Agora vem filha, vem que faz tempo que não te beijo. Deixa-me sentir teu corpo aqui e te aquecer. Tranqüiliza, esse pequeno me ama também, mas o medo dele é maior que a crença por hora, ele vai te esperar.

 Ela olhou para o seu filho, pediu que ele esperasse por um minutinho. O pequeno sentou sem reclamar. Segurou a rosa na mão e correu em direção da sua mãe. Mergulhou fundo naquele abraço, chorou lágrimas de gratidão e ouviu, antes do adeus:

 - Filha, agora vamos trabalhar para te ajudar a voltar para casa. Aquela casa onde tu há de criar filhos e netos... Eles não demoram a vir!

 Com a garganta seca e embriagada pelo encontro, ela vai embora, mas não sem antes dizer:

 - Eu te amo, Minha Mãe!!

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