sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Todas de janeiro de 2008 - NINGUÉM ME TIRA!!!!!!!!

Superação

Hei você, pessoa agressiva, vingativa e oculta. Tu mesmo que joga tudo, chacoalha minha existência, bagunça e suja tudo. Me bate, me sova, me agride com toda a força e energia. Me esquece por um tempo e volta a me torturar. Me joga ao fogo, me assiste queimar.
Saiba que eu não esquecerei disso, e transformo sua energia no meu crescimento. Cresço e evoluo muito mais que tua própria expectativa, e saio disso tudo suculento, crocante e gostoso. MUITO GOSTOSO!!!!!!!!!!!!
Não esquece, disso.
Atenciosamente, O PÃO!

0 comentários

Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2008

Doze anos

Ele se preparava para começar uma série difícil, era a quinta. Fazia apenas cinco anos que ele sabia escrever, mas logo seria inquirida sobre ciência, história, multiplicação, potências, raízes quadradas... Quando isso terminaria? Sem resposta, mas era verão e ainda tinha tempo, de volta para o surfe!
Enquanto isso, em algum lugar daquela mesma cidade ela chorava pela primeira vez. Era a primeira vez que os olhos calorosos de um pai olhavam no fundo da alma de sua menina. A linda mãe se recuperava da cirurgia que a separou de sua primeira filha e um menino de pouco mais de um ano recebia o posto eterno de irmão mais velho.
Muitos verões, primaveras, outonos e invernos passaram e a evolução natural aconteceu. Era um ano de muito estudo para ambos, ele entrava na faculdade e ela começava a conhecer a arte de ler e de escrever.
O impiedoso tempo seguia seu ritmo e a evolução era constante dos lados dessa história. Ele teve muitas namoradas, muitas aventuras, muitas mancadas e diversões. Viu seu time ser campeão muitas vezes, mas seguia a vida sem a menor habilidade com a bola, o importante era que todo o time precisa de torcida e ele valia por muitos no quesito. Ela se divertiu muito, se apaixonou algumas vezes, fez amigos, enfrentou com elegância aqueles que não a apreciavam, terminou o colégio e passou no vestibular. Faltava muito pouco para eles se encontrarem pela primeira vez.
Ela usou para pura diversão aquele primeiro ano de faculdade, ele dedicava-se muito a carreira e a retomada da vida pessoal. Ambos davam início a novos relacionamentos e a vida corria sorridente e cheia de descobertas.
Ela queria trabalhar, ele precisava de mais uma pessoa em sua equipe. Telefone toca, ela tinha mais uma entrevista para ir, entrevista que mudaria sua vida... e a dele também.
Tinham recebido muitas dicas de como se comportar em uma entrevista: tu deve falar isso, não pode fazer aquilo, cuidado com a postura, quebre o gelo, seja assertiva...
Dois minutos, foi o tempo necessário. Dois minutos frente a frente e a sintonia era evidente. Piadinhas de fórum mínimo, risadas e desafios foram estabelecidos naquele momento. Apertam as mãos, estava selado o destino.
Ele se encaminha para a estação de trabalho aliviado. Quem o esperava perguntou: e aí? Resposta: Gostei dela, empenhada! Puxou a agenda e riscou o primeiro item do seu “to do list”. Ela desce as escadas segurando um sorriso, um carro a espera, a porta se abre e de lá vem à pergunta: e aí? Resposta: Gostei, divertido e inteligente. Eu tô com fome!
Sete minutos do primeiro dia, um tapa na cabeça e ela olha desconfiada, era o dia um de trabalho e o dia um de uma amizade. Ela queria aprender muito, queria revolucionar. Ele queria lhe ensinar tudo que fosse necessário (sim, necessário) e não se importaria de conhecer um pouco mais sobre ela.
Muitos meses passaram, ela aprendeu muito sobre a complicada relação corporativa, sobre moral e sobre liderança. Ele tinha estabelecido um padrão elevadíssimo como um líder, era um formador de opinião e um construtor de modelos, mas sua história por ali tinha terminado. Foi um almoço elegante, mas antes de sentarem-se para comer ele lhe contou, estava saindo, iria morar longe. A comida resistia a suas mandíbulas, ela não conseguia engolir. Mais dois dias e o adeus era definitivo, foi um longo abraço sem evitar as lágrimas, e o último olhar na porta para a rua. Ambos acharam que aquela seria a ultima vez que se veriam.
Quatro anos, ele ainda era a referencia, quatro anos ela ainda era uma amiga querida. Quatro anos daquele ultimo olhar e os olhos se cruzaram outra vez.
Ele ainda mora longe, ela não mora mais com os pais e o seu sobrenome mudou e igual ao dele.
Doze anos de histórias se acumulam entre eles, mas a partir de agora uma nova história começa.
Entre cada linha, uma linha diz “EU TE AMO".

0 comentários

Guarde suas mentiras...

Mãe presente e apaixonada por seus filhos. Preocupada com a sua aparência e dedicada a carreira, mas sem muito esforço. Sua dedicação era para garantir o conforte de um cabelo bem tratado, unhas reparadas e esporádicos presentes aos que ama. Sempre recebeu bem as novidades, recebia amigos e namorados dos filhos como se fossem seus. Isso era o que o mundo via.
No silencio de seu quarto, amargava a culpa de muitos segredos, sentia em todos os ossos a claustrofobia de sua vida e sofria arduamente a sua incapacidade de contribuir nas decisões levianas de sua prole. Assistia, calada, todos os passeios de seu marido por lugares de má fama e o impacto destes floreios na formação de caráter de seus filhos, mas estava sempre linda. Viu-se nas tragédias de sua própria mãe, assumiu papeis nada nobres nos teatrais meses de sua família.
Sentia vontade de gritar, sentia vontade de chorar, mas isso estragaria a maquiagem ou poderia lhe custar mais tempo de aplicações de botox. Longas décadas se passaram, colapsos nervosos foram controlados a fim de não estragar as cerimônias de casamento dos seus filhos, e o cabelo permanecia intacto.
Ela viu nascer seu primeiro neto, e ali viu nascer uma oportunidade de redimir seus erros e os erros consentidos de seus filhos.
Ela crescia rapidamente, e era linda, quase tão lindo e perfeito quanto a criança que ela mesma tinha gerado.
A menina tinha cinco anos, quase não se movia num vestido engomado e cheio de camadas. Ninguém sabe o que o dia nos reserva, é sempre importante estar bela, assim ela entoava todas as manhãs. Passaram aquela tarde juntas, brincaram, montaram quebra cabeças, mas horas afio eram dedicadas a escovar os cabelos das 320 Barbies, combinar as botas, vestidos e bolsas. Pura diversão!
Ao final do dia, estavam exaustas, e ao longo de cinco anos, a avó estava ainda mais submergida na vida sufocante. Embora tudo em sua vida fosse patético, pouco antes do adeus, viu um limiar de seu gene transpirando nos olhos daquela menina.
Ela sentiu um calafrio, um gelar no estômago e orientou a menina:
- Queridinha, arrume sua mochila que mamãe está chegando... E guarde suas mentiras no baú da vovó!
Ali estava a sua herdeira.

0 comentários

Quarta-feira, 9 de Janeiro de 2008

TEORIA DO CAOS

Estava revendo pela “enésima” vez o filme “Show de Trumann”. Inevitável não pensar em um velho e ótimo amigo.
Em uma das nós muitas, árduas e calorosas discussões filosóficas questionávamos sobre a ignorância, se ela é ou não é uma benção. Ele dizia que não, eu, mesmo sem total crença, defendia que sim. Na verdade o grande barato era discordar com ele, pois a argumentação sempre foi ótima, entusiasmada e doce, como ele.
Bem, no filme Jim Carrey é Trumann, um homem ingênuo e delicado, e a sua vida é controlada e divulgada, um grande Big Brother, mas ele não sabe disso.
Será mesmo que não sabe?
É tão evidente que a vida dele é uma perfeição plástica e artificial, e só quando a necessidade de verdade é latente é que ele começa a questionar tudo e a perceber todo o controle caótico de sua vida. É só no final do filme que ele consegue se libertar da sua ignorância, mas mesmo assim ele hesita, porque tem medo do que não conhece e do que não tem “controle”. Seria ele um prisioneiro do medo ou da total falta de curiosidade?
Somos todos extremamente sensíveis às condições iniciais, ou do meio que vivemos. Nada é linear, depende intimamente de um complexo de coisas, fatos e escolhas. O mundo é caótico, e viver é uma trajetória imprevisível, sem garantias, onde merdas e maravilhas acontecem, o que nos defini é como lidamos com elas.
Nossas escolhas diárias e contínuas fazem com que nosso mundo tenha sentido, e se escolhermos viver com as verdades que não são ditas, não é abençoado. Muitas vezes não levantamos informações ou evitamos conhecimentos e verdades por uma vida toda, ou importante parte dela, porque nos pelamos de medo que elas alterem o “sistema controlado” criado por nós mesmos. Se eu tenho medo de saber é porque já tenho o conhecimento, eu sei a resposta, e acabo por ser alvo e vítima do meu próprio medo. Caos atrai caos. Não existe defesa contra o desespero!
O engraçado disso é que, se pudermos aceitar os fatos, não haverá necessidade de “controle” (se é que isso existe!), o futuro nos trará conhecimento, espiritualidade, espontaneidade e verdade.
Bem, meus caros, o Mateus Hickmann sempre esteve certo: Conhecimento é o balsamo divino!
Então:
Saiba quem você é!
Preste atenção!
Aperte o cinto!
Valorize quem você é, aqueles que te amam e o conhecimento!
E fique pronto para a evolução e o crescimento!

“O caos é meu amigo.” Bob Dylan

Nenhum comentário: